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A influência do cinema na moda, por Ana Paula Dessupoio Chaves

Durante as décadas de 1940 e 1950, há um grande aumento do público que frequenta os cinemas, e o estilo dos personagens dos filmes passa a ser referência não só de moda, mas também de comportamento. Além dos figurinos usados, as atrizes de Hollywood também influenciavam as brasileiras com as roupas que usavam no cotidiano, essas novidades eram publicadas e divulgadas principalmente em jornais e revistas que circulavam no período.

O cinema passou a fazer parte da cultura popular e a construir modelos de referências para o público. Nesse sentido, o cinema teve papel importante na disseminação de roupas, maquiagens, tonalidades de pele, gestos que, difundidos, iriam influenciar ou mesmo criar uma verdadeira indústria de produtos e de comportamentos. Os itens usados pelas estrelas eram copiados, sendo modelos de beleza e geravam o sonho de consumo. As imagens vistas no cinema construíam modelos de corpo, de aparência e desejos americanizados.

O Banho das Estrelas

Fonte: O CRUZEIRO, 15 de dezembro de 1928, p. 26.

As aparências das atrizes de Hollywood também eram usadas em propagandas, adquirir o produto era a possibilidade de obter as qualidades prometidas. Nas promessas, está o próprio comportamento dos astros, qualidades e modos de vida. Tal argumento fica claro no depoimento no episódio Cine-Theatro Central da Websérie “Cinemas de Rua de Juiz de Fora”, o jornalista Ivanir Yazbeck, relembra que o cinema, mostrava sua força na cultura da cidade, “eu digo até que também na influência até do próprio comportamento das pessoas. Mas estou falando isso de uma forma mais universal, como hoje a televisão é um veículo de muita força, no sentido de passar hábitos, costumes e modismos, era isso o cinema antigamente”.

Meneguello (1996) comenta que, na década de 1940, parecer-se com um artista hollywoodiano era mais do que um mecanismo de cópia. Tratava-se da própria constituição dos corpos referenciada na cinematografia estadunidense, um universo de vida cotidiano para as populações urbanas, uma proposta de modos de vida e de relacionamento. Ou seja, os filmes ofereciam lições práticas de moda, maquiagem e comportamento, o que reforçou a cultura-mercado da beleza e apresentou ao público o modelo de mulher moderna “estilo americano”.

Por um lado, as imagens das estrelas corporificavam o glamoroso e o inatingível, e, por outro, fora das telas, a publicização de suas vidas privadas facilitava o processo de identificação com o público (BARROS; SPINI, 2015). Nas páginas das revistas, a estrela e seu figurino ditavam a moda e ensinavam a leitora a ser glamorosa. Era como se as características das atrizes se juntassem com as de suas personagens. As atrizes estampadas nos impressos funcionavam para as mulheres como um modelo a ser seguido, como um padrão com o qual as pessoas buscavam identificação, incentivadas a estabelecer pequenas reproduções.

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Assistia o episódio Cine-Theatro Central da Web Série Cinemas de Rua de Juiz de Fora.

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Referências

BARROS, Carla Miucci Ferraresi; SPINI, Ana Paula. Star system, sexualidade e subjetivações femininas no cinema de Hollywood (1931-1934). ArtCultura, Uberlândia, v. 17, n. 30, p. 11-30, jan-jun. 2015.

MENEGUELLO, Cristina. Poeira de estrelas: O cinema hollywoodiano na mídia brasileira das décadas de 40 e 50. Campinas, Editora da Unicamp, 1996.

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Imagem principal:

Inauguração do Cine São Luiz, em julho 1955.

Fonte: Blog Maria do Resguardo