ROTA

Cinemas da Rua Halfeld

Hoje transformada em calçadão, a Rua Halfeld ainda abriga boa parte do comércio da cidade, sendo então o itinerário habitual da população de Juiz de Fora. 

Palco de momentos importantes da história da cidade e, até mesmo, do país, a rua Halfeld abrigou o conjunto mais luxuoso de cinemas de rua da cidade. O Cine-Theatro Central, o Cine Palace e o Cine São Luiz foram as casas de entretenimento mais imponentes de Juiz de Fora na década

de 1950. O Cine-Theatro Glória, ainda que não tivesse o luxo dos demais cinemas, era uma casa de espetáculos importante, que abrigou temporadas teatrais de grandes companhias e também solenidades de conclusão de curso de diversos colégios. Além desses cinemas, a rua Halfeld também abrigou um empreendimento arrojado na área de exibição: uma sala exibidora voltada aos filmes de arte, filmes fora de um circuito comercial de cinema.

Cine São Luiz

Funcionamento: 1955 – 2007
Localização: Rua Halfeld, 213 – Centro

Descrição:
O Cinema São Luiz foi uma casa de espetáculos luxuosa, inaugurada na Praça Dr. João Penido, mais conhecida como Praça da Estação. O São Luiz surgiu num momento de modernização das salas de cinema, no qual as novas tecnologias, o luxo e a sofisticação comandavam a experiência dos movie palaces. Em 13 de julho de 1955, aconteceu a inauguração do cinema apenas para autoridades e convidados. Quatro dias depois, a abertura para o público, em 17 de julho de 1955, com o filme “Rebelião no presídio”. Apesar das instalações luxuosas, o cinema São Luiz estava localizado fora do roteiro do público que praticava o footing: o passeio a pé, pela Rua Halfeld, no Centro da cidade. Com a diminuição de público, na década de 1970, o cinema São Luiz migrou gradualmente sua programação para as pornochanchadas, muito populares, como forma de se manter em atividade. Em 1986, o cinema passou a se posicionar como uma casa exibidora de filmes pornográficos. O Cine São Luiz fechou as portas definitivamente, no ano de 2007, e sua fachada foi tombada pela Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, em reconhecimento à sua importância cultural para a cidade.

Cine Palace

Funcionamento: 1948 – 2017
Localização: Rua Halfeld, 581 – Centro

Descrição:
O Cine Palace foi o último cinema de rua de Juiz de Fora a fechar as portas, em 14 de junho de 2017. Este cinema foi inaugurado em 19 de novembro de 1948, com o filme “Quando os deuses amam”, de Alexander Hall. O Cine Palace era uma casa de diversões suntuosa, com arquitetura em Art Déco e caprichada decoração interior. O cinema passou por várias administrações. Já no ano seguinte à inauguração, foi vendido pelos proprietários à Companhia Central de Diversões, que administrava outros cinemas da cidade. Em 1984, o espaço foi comprado pelo Banerj (Banco do Estado de Rio de Janeiro S.A.) para abertura de uma agência bancária. Em 1992, foi declarado bem de interesse cultural pela municipalidade. O cinema reabriu as portas em 1999, como Cineart Palace, remodelado e com duas salas para exibição de filmes. Em 2002, o Banco Unibanco entrou como patrocinador do cinema e modificou-se, mais uma vez, o nome para Espaço Unibanco Palace. Em 2015, o imóvel foi colocado em leilão, e, em 2017, foi anunciado o fechamento do cinema. Atualmente, o espaço abriga uma filial da rede de varejo Lojas Pernambucanas. A fachada do prédio foi tombada, mas seu interior foi totalmente desfigurado.

Cine-Theatro Glória

Funcionamento: 1929 – 1959
Localização: Rua Halfeld, Galeria Constança Valadares – Centro

Descrição:
Localizado na Rua Halfeld, nº 615, o Cine Glória foi inaugurado no dia 29 de fevereiro de 1929, com a exibição do filme “A dama das camélias”.

Famoso pelas séries de bangue-bangue, filmes de faroeste e pelas matinês, o Glória servia também como um ponto de encontro para que as crianças trocassem gibis. Além disso, os cinejornais faziam parte da programação do cinema, informando a população a respeito de temas globais, como a Segunda Guerra Mundial.

Em 1959, o Cine-Theatro Glória encerrou suas atividades; ele foi demolido e, em seu lugar, surgiu  a Galeria Constança Valadares.

Cine-Theatro Central

Funcionamento: 1929 – atualidade
Localização: Rua Halfeld, Praça João Pessoa, s/n – Centro

Descrição:
O Cine-Theatro Central foi inaugurado no dia 30 de março de 1929, com a exibição do filme “Esposa Alheia”. Idealizado pela Companhia Central de Diversões, foi construído pela empresa Pantaleone Arcuri, no local que antes abrigava o Teatro Polytheama, na Praça João Pessoa, bem no Centro de Juiz de Fora. As pinturas internas do teatro são assinadas pelo Italiano  ngelo Biggi.

Na década de 1980, com a popularização da televisão, videolocadoras e cinemas de shopping, o Central passou a atrair cada vez menos público, o que culminou no fechamento do cinema. A partir deste momento, a venda do prédio passou a ser cogitada, o que poderia acarretar na demolição do teatro. Foi quando, por iniciativa de artistas e da população, várias manifestações aconteceram, clamando a intervenção do poder público na preservação do espaço. A campanha “Central, a emoção de todos nós” resultou no tombamento do prédio. Em  1994, quando Itamar Franco era o presidente do Brasil, e Murílio Hingel, o ministro da Educação,  a Universidade Federal de Juiz de Fora, através de orçamento do MEC, pôde adquirir o Cine-Theatro. Depois disso, o prédio foi tombado em nível federal, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan – e, em 1996, passou por uma restauração completa. 

Atualmente, o Cine-Theatro Central não exibe mais filmes, mas continua recebendo espetáculos de música, teatro e eventos. Além disso, conta com o projeto de visitas guiadas, em que o público pode conhecer o espaço gratuitamente com a ajuda de bolsistas especializados.

Cine Festival

Funcionamento:  meados da década de 1960 – 1980
Localização:Rua Halfeld, Praça João Pessoa, s/n – Centro

Descrição:
Considerada uma das menores salas de cinema de Juiz de Fora, o Cine Festival foi inaugurado no segundo andar do foyer (recepção) do Cine-Theatro Central, em meados da década de 1960. A primeira sessão do Festival contou com a presença de Itamar Franco, o prefeito de Juiz de Fora à época.

Com cerca de 105 lugares, o Cine Festival foi idealizado na intenção de abrigar uma programação com filmes de arte e obras não pertencentes ao circuito comercial. Após alguns anos de funcionamento, porém, o Cine Festival passou a exibir reprises de filmes, que já haviam saído de cartaz nos grandes cinemas da cidade.

O Cine Festival encerrou suas exibições definitivamente em meados dos anos 1980.